sexta-feira, 29 de junho de 2012

"Incorporação"

Por Bàbálòrìsà Samir Castro Secretário Geral da Federação Luz e Verdade
Fonte do texto: Blog Èsù Akèsan

Quando falamos sobre Incorporação, muitas vezes nos esquecemos de que existe a manifestação inconsciente, que é aquela que se dá de forma plena, onde audição, visão, controle dos movimentos motores e todo controle, são totalmente perdidos. Existe a manifestação consciente, onde, de alguma forma, a pessoa pode estar ali ouvindo, sentindo o movimento do corpo, vendo, ou seja, ainda está ali presente durante a manifestação.
Muitas pessoas podem começar conscientes e com o passar do tempo vão se tornando inconscientes, chegando a um estado onde a entidade possui pleno controle, e isso só é possível através do desenvolvimento e do trabalho da própria mente através das orientações dadas pelos Zeladores, Zeladoras e Entidades da casa à qual se faz parte.
No início de minha caminhada espiritual, a primeira manifestação que tive foi do Sr. Zé Pilintra, no Rio de Janeiro, onde perdi totalmente o controle dos braços, das pernas, porém eu via e ouvia tudo ao meu redor. A primeira sensação que tive foi de desespero, me perguntava se eu estava louco, se isso era comum, perguntas e preocupações comuns quando se está iniciando.
Depois de um certo afastamento, devido a mágoas com pessoas da religião, quando retornei, a segunda manifestação que tive foi de um Caboclo, que até hoje não sei quem é, pois a sua energia é totalmente diferente dos guias com os quais trabalho, e nessa oportunidade o descontrole corpóreo foi pleno, não via, não ouvia e não sentia nada, apenas adormeci.
Durante o meu desenvolvimento, quantas e quantas vezes tanto na hora de manifestar quanto na hora do guia ir embora, eu rodava o salão inteirinho de forma descontrolada, quantas vezes eu escutei as pessoas conversando com meus guias e eu me perguntava: “será que eu estou ficando doido?”, “será que é coisa da minha cabeça o que eles estão falando?”. Com o passar do tempo aprendi a deixar minha mente livre de pensamentos, não pensando em absolutamente nada, deixando a minha mente vazia, e com o passar dos anos aquela consciência foi se afastando.
Cheguei a um ponto de total confiança que outros guias puderam se aproximar e manifestar. E assim estou cumprindo até hoje a minha missão espiritual com meus guias de Umbanda.
O que eu quero dizer é que esses medos e questionamentos são totalmente comuns. Além de ouvirmos nossos zeladores, devemos aprender a trabalhar a nós mesmos. Como se diz, “todo guia é bom, mas quem dá a condição melhor ou pior de comunicação é o médium”. E é isso mesmo, é um fato, é uma verdade, se nós não aprendermos a trabalhar a nossa mente, não teremos condições de cumprir nossa missão, pois quem está em evolução somos nós.
Com a confiança que vamos adquirindo com o passar dos anos, com o desenvolvimento e com o trabalho da mente, cada vez mais podemos dar condições as nossas entidades. Não sou melhor nem pior que ninguém, mas hoje tenho condições de ficar com meus guias “em terra” por horas, atendendo e auxiliando aqueles que nos procuram. O preparo do nosso corpo através dos banhos de ervas, a liberação da mente de pensamentos, a concentração, todos esses elementos, juntos, fazem com que, cada vez mais, sejamos bons filhos de fé.
Existem pessoas que são conscientes a vida inteira, que ouvem, que até veem o que o guia está fazendo; isso também é completamente natural, normal, pois, existem pessoas que não conseguem deixar a sua mente completamente livre. Porém, é importante lembrar que essa consciência que alguns possuem, não pode jamais interferir no atendimento espiritual e tudo isso está relacionado ao controle da mente.
Agradeço todos os dias por carregar em meu Orì (Cabeça) os Orixás Èsù (Exú), Ògún (Ogum), Ìyémojà (Iemanjá) e Òsún(Oxum), e agradeço todos os dias por ter a honra de trabalhar com os meus guias de Umbanda com muito amor e carinho. São eles: Sr. Zé Pilintra, Exú Veludo, Exú Macumba, Exú Sete Quedas, Exú Mirim Capetinha, Preto Velho Pai Mathias, Boiadeiro Genésio, Caboclo Lua Branca, Caboclo Lua Nova, Marinheiro Jandaia, Erê Odarinha e Criança Soldadinho. Tenho Orgulho e muito AMOR em poder servir ao Orixá e poder auxiliar ao próximo.
E esta palavra que deixei a vocês hoje, é para dizer que tudo na vida é uma eterna provação, principalmente na vida espiritual, e a primeira delas, é lidarmos com nossos erros, é errando que se aprende, é dando condições e não desistindo, que vamos longe.
Cada um de nós possui uma missão. Não desista da sua.

Samir Castro

Confiram também a segunda parte no blog Èsù Akèsan: Incorporação 2

Um comentário:

  1. MUITO BOM ESTE DEPOIMENTO (SE ASSIM POSSO CHAMAR) TENHO MUITO MEDO E INSEGURANÇA NA INCORPORAÇÃO ME AJUDOU MUITO

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