E lá estava aquela mulher sentada em um banco da praça,
roupas sujas, cheia de sacolas velhas... Comia uma refeição em um pote de
sorvete, garfo de plástico... Seria sua única refeição do dia?- Eu me
perguntava observando aquela moradora de rua. Ao mesmo tempo eu me indignava
como alguém poderia chegar àquela situação. Ela comia desesperadamente, tirou
uma garrafinha de água de uma das sacolas e bebeu. Eu me mantive em pé de longe
a espera do ônibus para ir pra casa, observando fixamente eu sentir vontade de
ir até ela, mas me contive... Eu queria ajudar... Sei lá. O que mais me chamou
atenção foi que dois cachorros se aproximaram, e aquela senhora pela forma que
se alimentava velozmente, parecendo muito faminta, dividiu sua comida com os
cachorros.
Às vezes somos tão mesquinhos e egoístas por tão pouco, somos
cheios de soberbas, tomados pelo ego do conhecimento, “sabedoria” nos tornando
tão arrogantes com ar de superioridade... E aquela senhora em seu pequeno mundo
tornou-se tão grandiosa com seu simples e humilde gesto... E eu me senti tão
pequena diante aquela cena. Por que razão? De nada valerá explicação se cada
ser humano habita em seus devidos mundo chamado “EU”, sendo assim cada um
entenderá por si só.
Quanto a minha indignação pela situação em que se encontrava
aquela mulher, é não aceitar que tanto eu quanto qualquer ser humano pode sim
chegar a esse ponto... É a cegueira humana levada por nossas vidas padronizadas,
achando que somos inatingíveis... Na verdade somos covardes inadmissíveis por
nós mesmo, camuflados de uma fantasia ilusória por virtudes na maioria das
vezes forçada... E há aqueles que se garantem por ter dinheiro... E há aqueles
que se acham por saber de mais, mas esquecem de que sabedoria não tem nada a
ver com conhecimento; Conhecimento ajuda a ganhar a vida, sabedoria ajuda a
construir uma vida. São poucos que constrói...
Ao observar aquela cena muita coisa passou pela minha
cabeça... Estamos sujeitos a tudo nesta vida, desde a construção e realização
dos nossos sonhos, até o desmoronamento dele... E há aqueles que se vale do
oportunismo... E há aqueles que se vale da hipocrisia, golpes baixos,
violência, poder... E há aqueles que se valem do amor alheio que não merece
ter...
Me indigno de mim mesma... Não fui até aquela mulher por que
tanto eu como muitos vivi de “se”, e “se isso” e “se aquilo”, e “se aquilo
outro”... E nisso deixamos de agir, de fazer, de saber... Simplesmente mera e
pura covardia humana disfarçada.
Conclusão: Devemos aprimorar o nosso ser se é que queremos
nos tornar melhores como seres humanos...
Uma interrogação: Será que há ainda esperança para um mundo melhor... Para todos nós diante a quem somos na realidade?