Por Bàbálòrìsà Samir Castro Secretário Geral da Federação Luz e Verdade
Fonte do texto: Blog Èsù Akèsan
Quando falamos sobre Incorporação, muitas vezes nos esquecemos
de que existe a manifestação inconsciente, que é aquela que se dá de forma
plena, onde audição, visão, controle dos movimentos motores e todo controle,
são totalmente perdidos. Existe a manifestação consciente, onde, de alguma
forma, a pessoa pode estar ali ouvindo, sentindo o movimento do corpo, vendo,
ou seja, ainda está ali presente durante a manifestação.
Muitas pessoas podem começar conscientes e com o passar do
tempo vão se tornando inconscientes, chegando a um estado onde a entidade
possui pleno controle, e isso só é possível através do desenvolvimento e do
trabalho da própria mente através das orientações dadas pelos Zeladores,
Zeladoras e Entidades da casa à qual se faz parte.
No início de minha caminhada espiritual, a primeira
manifestação que tive foi do Sr. Zé Pilintra, no Rio de Janeiro, onde perdi
totalmente o controle dos braços, das pernas, porém eu via e ouvia tudo ao meu
redor. A primeira sensação que tive foi de desespero, me perguntava se eu
estava louco, se isso era comum, perguntas e preocupações comuns quando se está
iniciando.
Depois de um certo afastamento, devido a mágoas com pessoas
da religião, quando retornei, a segunda manifestação que tive foi de um
Caboclo, que até hoje não sei quem é, pois a sua energia é totalmente diferente
dos guias com os quais trabalho, e nessa oportunidade o descontrole corpóreo
foi pleno, não via, não ouvia e não sentia nada, apenas adormeci.
Durante o meu desenvolvimento, quantas e quantas vezes tanto
na hora de manifestar quanto na hora do guia ir embora, eu rodava o salão
inteirinho de forma descontrolada, quantas vezes eu escutei as pessoas
conversando com meus guias e eu me perguntava: “será que eu estou ficando
doido?”, “será que é coisa da minha cabeça o que eles estão falando?”. Com o
passar do tempo aprendi a deixar minha mente livre de pensamentos, não pensando
em absolutamente nada, deixando a minha mente vazia, e com o passar dos anos
aquela consciência foi se afastando.
Cheguei a um ponto de total confiança que outros guias
puderam se aproximar e manifestar. E assim estou cumprindo até hoje a minha
missão espiritual com meus guias de Umbanda.
O que eu quero dizer é que esses medos e questionamentos são
totalmente comuns. Além de ouvirmos nossos zeladores, devemos aprender a
trabalhar a nós mesmos. Como se diz, “todo guia é bom, mas quem dá a condição
melhor ou pior de comunicação é o médium”. E é isso mesmo, é um fato, é uma
verdade, se nós não aprendermos a trabalhar a nossa mente, não teremos
condições de cumprir nossa missão, pois quem está em evolução somos nós.
Com a confiança que vamos adquirindo com o passar dos anos,
com o desenvolvimento e com o trabalho da mente, cada vez mais podemos dar
condições as nossas entidades. Não sou melhor nem pior que ninguém, mas hoje
tenho condições de ficar com meus guias “em terra” por horas, atendendo e
auxiliando aqueles que nos procuram. O preparo do nosso corpo através dos
banhos de ervas, a liberação da mente de pensamentos, a concentração, todos
esses elementos, juntos, fazem com que, cada vez mais, sejamos bons filhos de
fé.
Existem pessoas que são conscientes a vida inteira, que
ouvem, que até veem o que o guia está fazendo; isso também é completamente
natural, normal, pois, existem pessoas que não conseguem deixar a sua mente
completamente livre. Porém, é importante lembrar que essa consciência que
alguns possuem, não pode jamais interferir no atendimento espiritual e tudo
isso está relacionado ao controle da mente.
Agradeço todos os dias por carregar em meu Orì (Cabeça) os
Orixás Èsù (Exú), Ògún (Ogum), Ìyémojà (Iemanjá) e Òsún(Oxum), e agradeço todos
os dias por ter a honra de trabalhar com os meus guias de Umbanda com muito
amor e carinho. São eles: Sr. Zé Pilintra, Exú Veludo, Exú Macumba, Exú Sete
Quedas, Exú Mirim Capetinha, Preto Velho Pai Mathias, Boiadeiro Genésio,
Caboclo Lua Branca, Caboclo Lua Nova, Marinheiro Jandaia, Erê Odarinha e
Criança Soldadinho. Tenho Orgulho e muito AMOR em poder servir ao Orixá e poder
auxiliar ao próximo.
E esta palavra que deixei a vocês hoje, é para dizer que
tudo na vida é uma eterna provação, principalmente na vida espiritual, e a
primeira delas, é lidarmos com nossos erros, é errando que se aprende, é dando
condições e não desistindo, que vamos longe.
Cada um de nós possui uma missão. Não desista da sua.
Samir Castro
Confiram também a segunda parte no blog Èsù Akèsan: Incorporação 2
MUITO BOM ESTE DEPOIMENTO (SE ASSIM POSSO CHAMAR) TENHO MUITO MEDO E INSEGURANÇA NA INCORPORAÇÃO ME AJUDOU MUITO
ResponderExcluir