Conheço
muitas pessoas, tenho muitos amigos, mas nem todos me conhecem tão bem a
ponto de saberem qual minha comida preferida, meu perfume, meu time do
coração, muito menos a minha religião. Minha querida e amada religião.
Eu fui criada no catolicismo a qual tenho muito respeito, como também respeito todas as religiões.
A
quem me perguntar qual a minha religião eu respondo com orgulho, sem
preconceito ou medo de sofrer alguma discriminação. Poucos sabem que sou
Umbandista, por que não uso a vaidade, não sou do tipo que pendura uma
melancia no pescoço para chamar a atenção dos outros para a minha fé e
no que acredito.
Minha
religião consiste em praticar o bem, a caridade, o amor, ajudar a quem
precisa. Minha personalidade, minhas falhas, minha conduta, não está
relacionada à minha religião. Minha família, amigos, festas, também não
estão relacionada a ela. A única coisa que está relacionada à minha
religião é a minha fé, minha crença e a forma que eu a conduzo sem
vaidades. Tenho uma vida social, profissional, pessoal e religiosa, onde
não as misturo, pois para cada uma delas disponibilizo meu tempo, para
cada uma delas me entrego de maneira singela e respeitosa.
Descobri
minha mediunidade 17 anos atrás, apesar de que, desde criança
aconteciam fatos comigo que só fui entender depois de conhecer o lado
espiritual da vida, mas mesmo sem saber, já havia em mim uma entrega,
uma satisfação por tudo àquilo que, no entanto ainda era um mistério
para mim.
Quando
eu ainda era uma criança, via a minha avó materna, ascendendo velas
para São Cosme e São Damião. Faziam-se carurus com samba de roda ao som
de pandeiro cantava-se para Cosme e Damião e na roda eu via pessoas
dançando parecendo que estavam em transe, eu ficava paralisada, fixava
meu olhar ingênuo cheio de encantos, tudo aquilo me chamava, mas eu não
entendia o porquê e nem ao certo o que estava acontecendo ali.
Vou
fazer 33anos, aprendi muita coisa e sei que tenho muito mais a
aprender para estar sempre firme e forte nesta minha caminhada sem fim.
Sei
que muitos devem estar se perguntando o porquê de só agora eu resolver
falar sobre minhas crenças, minha fé e minha religião, é simples, por
que este foi meu único meio de expor o que eu estou sentindo neste
momento sem ser censurada, interrompida, pois este espaço é meu e nele
ninguém me mandará calar a boca. O que vai acontecer depois? Bom, estou
preparada para tudo até mesmo se minha opinião não for respeitada. Se eu
posso sofrer alguma retaliação diante do que colocarei aqui? Se assim
for, seguirei de cabeça erguida e alma lavada.
A
vida nos ensina. A religião nos ensina. Tudo em nossa vida é um
aprendizado, cabe a nós tirarmos proveito do melhor para nosso
aperfeiçoamento, porém, posso até estar errada, mas cheguei a uma
conclusão de que vaidades e doutrinas inventadas podem nos tornar
limitados. Por isso, deixo de lado as convenções sociais e crenças
impostas no que fui até agora. O amanhã é construído hoje com o que
quero de Novo pra mim. Vou reviver com minha velha roupagem, as quais me
mostraram a verdadeira essência de tudo que nunca deixei de Ser: UMA
UMBANDISTA.
O
inicio, a criação, o que deu origem a Umbanda para mim é mais
fortificante, sensato e persuasivo do que a modernização em que ela se
encontra hoje, formando médiuns cheios de vaidades.
Aprendi
a dar meus primeiros passos na religião guiada, por muita luz,
humildade, simplicidade e cumplicidade com meus irmãos de fé, meus
ensinamentos me dirigia a um caminho encantado mostrando como se faz a
caridade e a importância de fazê-la. Aprendi que as “estrelas” são os
orixás e que sua luz, são as entidades que vinham em terra ajudar aos
necessitados e assim aperfeiçoariam sua evolução espiritual.
Engatinhei
muito, até ficar de pé e começar a andar nesta infinita bondade chamada
UMBANDA. O que no inicio me dava medo, logo fui mim descobrindo e
descobrindo o quanto está energia positiva que parecia correr pelo meu
corpo junto com meu sangue era gratificante. A pureza me fascinava, era
uma magia inexplicável. Não eram só os pontos, o som dos atabaques, mas
também toda conjuntura que ali se encontrava: Médiuns, guias, energia,
alegria, satisfação, principalmente a SATISFAÇÃO.
Os
tempos se passaram a essência ainda continua comigo, mas percebo que
criaram uma UMBANDA inventada, modernizada, cheias de doutrinas
incoerentes, diferente de tudo que ficou pra trás, do que ensinaram
nossos PRETOS VELHOS, nossos CABOCLINOS DA JUREMA, as entidades estão
perdendo seu lugar para médiuns cheios de vaidades, egocentrismo,
narcisismo que se colocam como astros para a plateia aplaudirem. Médiuns
que estão mais preocupados em satisfazerem seus caprichos em vez de se
ocuparem em fazer o que a religião instrui e ensina: CARIDADE e
HUMILDADE. Colocam-se em um pedestal, tornam-se arrogantes e dispersam
tudo que deu origem a nossa linda e infinita UMBANDA. De quem é a culpa?
Minha é que não é!
Fica aqui o meu desabafo!
Não perdi minha fé, não estou descrente. Acredito na Umbanda que tenho dentro de mim, essa ninguém pode mudar!
maleime minha mãe Oxum, mas somente vós sabes da minha dor neste momento!
PS;
Este texto foi publicado no meu Blog particular no dia 16 de agosto de 2011 Blog Mislene Lopes
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